quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Pássaro pequeno que paira por mim, noite vazia e silente que paira por mim

Pássaro pequeno que paira por mim,
Que desejos tens tu?
Não fazez planos de vida.
Não tens grandes ambições.
Eu sou como tu.
Tenho desejo de dormir,
Quando tenho sono,
Desejo de comer,
Quando tenho fome,
Desejo de ir ao banheiro,
Quando tenho tal vontade,
E mais nada.

Os homens forjam necessidades
Necessidades, necessidades, necessidades.
Preenchem a vida de necessidades.
E por assim fazerem, garantem que pouco terão da vida em si próprios.
Eu, que não preencho a vida com nada,
Tenho muito a vida em mim.
O ter que viver já é uma necessidade grande,
E me basta,
Mas não basta aos outros,
Que me impõem necessidades aos montes.
Necessidades sociais... Arre!
Tem-se que viver entre os humanos,
Tem-se que acatar suas frivolidades,
Tem-se que viver extravagantemente,
Tem-se que viver com todo esse barulho que tenta dar significado à vida.
Mas, vê, não há significado.
Por trás do barulho há o oco de tudo ser oco.

Meto-me a pensar nas coisas humanas,
Na vida como os humanos vivem,
E uma inquietude me invade.
A vida dos humanos é toda inquietação,
E agem para garantir que assim seja.
Eu prefiro o vazio de ser o que sou,
De só ser o que sou, tranquilamente.

Noite vazia e silente que paira por mim,
Eu sou como tu.
Nada peço, nada desejo,
E vagarosamente velejo pelo sossego absoluto.

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