sábado, 12 de fevereiro de 2011

Saio de casa

Olho pela varanda e vejo o mundo. O mundo sempre está lá.
Olho para dentro do meu ser e às vezes não vejo nada. Às vezes não estou dentro de mim.
(Deito-me novamente)
Uma prostração toma conta de mim deste ontem à noite.
Já é manhã e a cama me pesa como se deitasse sobre mim.
Tenho a sensação de ter vivido todas as guerras nessa vigília castigada pela insônia.
Sinto como se não estivesse dentro do meu ser.
E dentro do meu ser estivessem ocorrendo todas as guerras, simultaneamente.
Meu ser é um campo de batalhas.
Meu ser é sempre um campo de alguma coisa.
Meu ser é um campo de batalhas e minha cama é o universo.
Ah, inabitual pesar!
Eu creio em Deus, eu tenho mesmo dialogado com Deus.
Mas agora Deus não vem me visitar.
Deus só vem me visistar quando quer, e quando estou em mim: quando estou serena.
E de qualquer maneira Deus nunca foi consolo para mim.

Sou banhada por uma gota de ânimo.
É agora, Sophia, larga essa prostração. Levanta e sai de casa. Vai fazer um passeio.
Sinto que as guerras acabaram, sinto que retorno ao meu ser.
Levanto, saio de casa.
Olá, manhã terna, manhã sem sol.
Olá, Céu Branco. Como eu te amo, Céu Branco, como eu te amo!
Pessoas, carros, ruas... e reinando sobre os deuses está esse céu imperioso.
Olá, pessoas. Olá, carros. Olá, ruas.
Olá, mundo.
Olá, digníssimo Céu Branco.
Senhor Céu Branco, tu nunca tardas, tu sempre vens me socorrer.
Senhor Céu Branco, sabias que...
Ah, já vais? Então me calo.
Vem o sol e vem um surdo céu azul.
Até mais, Céu Branco.
Vem o céu azul e vou para minha casa, talvez Deus esteja me esperando lá para um café da manhã.

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